Legos


Existe um desafio. Desconstruir-se. Sim, desconstruir-se é a espiritualidade verdadeira. Desmontar certezas, desfocar objetivos , alvos tortos e irrelevantes, porém dominadores. Seria como um grande castelo de “legos” que peça por peça, precisa volta à desconexão para só assim, montar-se algo novo. E nesse processo de desconexão das peças do “ brinquedo”, percebemos que algumas estão bem unidas, fortemente unidas e relutantes à desconexão. Assim são muitas vezes nossas emoções. Estão tão conectadas, tão arraigadas que por muitas vezes pensamos que fazem parte de uma peça maior; mas que na verdade se fundiram devido ao que fizeram de nós, intencionalmente ou não.Onde no calor dos fatos, das opiniões e dos imprevistos, foram criadas novas peças, novas verdades.E o pior de tudo é que queremos montar novas coisas, novos relacionamentos, novos planos, baseados nessas verdades que não são naturais, pois foram criadas por nós, unindo coisas que separadas deveriam estar, para só assim, quando juntas, formarem o que é realmente real e oportuno. Pois é, quantas estruturas persistem em existir impedindo novas montagens, novos brinquedos, novas possibilidades. Utilizar esses pré-moldados para se construir afetividade é muito perigoso, posto que muitas vezes não há e não há como haver encaixe nessas novas construções. Diante disso, as coisas não se completam, produzem arrestas, pontas, farpas que muitas vezes nos machucam e fazem machucar...
E na impossibilidade de criar novos brinquedos, novas formas, deixamos efetivamente de brincar, de viver... Fechamos nossos corações às novas possibilidades e de tanto tempo fechado,esse tornar-se também cego e por isso, insensível. Endurecemos e duros ficamos... E não brincar é tornar-se adulto prematuramente, é achar que tudo é incompatível, é fechar-se em certezas que mais separam do que ajuntam. E aí, discuti-se sem palavras, olhar-se sem enxergar e o perfume das folhes já não é sentido... Termina-se coisas por nada, simplesmente nada, muitas vezes com discursos que tem mais a ver adeus programado, retro-alimentado por um sentido de satisfação de um ego carente, translúcido, idiota na verdade. E o que fica, se fica, é um sorrisinho bobo, vazio, de quem não tem nenhuma perspectiva de reconciliação, apesar de aparentar insegurança total. Termina-se uma nova brincadeira que nem ainda existiu, mas sepultada já foi.... Cada um interprete como queira...

Comentários

Érika Cardoso disse…
Marcelo, achei simplesmente divino esse texto. Ele realmente me fez refletir e com certeza, assim como os próximos textos, irá me ajudar, pois eles nos faz parar pra pensar no que estamos fazendo de nossas vidas, como podemos mudar e para melhor!

obrigada, Érika Cardoso.

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