Celulares...

Quando saiu os primeiros celulares aqui no país, foi alvoroço só. Não havia muitos modelos e os que havia , eram com certeza muito grande sem design algum. Monstruosos e pesados, mas completamente capazes de nos satisfazer e nos elevar acima dos simples mortais que não os possuíam, pois a praticidade em nossa cultura, fica atrás da incontrolável vontade de se mostrar e sobrepujar o próximo, como crianças que afrontam umas às outras:” Eu tenho você não tem...Eu tenho você não tem...”. Mas essa não é nossa questão hoje, nem objeto do artigo.
Hoje, creio que mais de uma década após o aparecimento desses aparelhos, nossa crise é maior. O tamanho diminuiu, mas muitos outros modelos sugiram e de muitas marcas, aumentando assim, as possibilidades de escolhas. Interessante é que, isso deveria ser bom, nos daria um sentimento de maior liberdade. Mas analisando friamente e saindo desse mundo , observando-o como que aqui estivéssemos chegados sem aqui nunca ter vindo, sem daqui pertencer; muitas escolhas diminuem as possibilidades de acerto e podem sinceramente, aumentar as saudades. Escolher por uma opção é necessariamente, abrir mão de outra e isso gera angústia, e assim sofremos por aquilo que a opção relegada poderia nos oferecer, pois querendo ou não, nossas escolhas têm seus custos e escolhas erradas, desperdício de tempo e ar.
Temos ainda uma grande capacidade de nos acostumarmos com a novidade, com o novo, nos adaptamos instantaneamente. Isso é terrível pois o novo fica velho muito rápido, mais em nós, em nosso interior, do que nele mesmo. “O cheiro de carro novo passa muito depressa”. A depreciação mental é muito mais veloz do que a material.Não, não é o tempo que faz com que as coisas percam seu valor, são os nossos sentimentos chamados de “novo” e de “velho”, que são sentimentos morrem mais rápido do que as árvores envelhecem.... A novidade não está em certas situações, mas nos sentimentos comparados ao “amor” e ao “ódio”. Amo o novo e odeio o velho. Entendem?
E assim vivemos, muitas vezes nos sentido arrependidos pelas possibilidades que deixamos de escolher, nos comparando com pessoas que nunca fomos e nunca seríamos, pois somos o que somos, ainda que aparentando outra coisa que não somos. E o prazer é se livrar da dor, ao invés de vivenciar o que escolhemos. Sentindo saudades daquilo que não é nosso. Como desapercebemos o nosso... Nossas tristezas, nossa história, nossos sofrimentos, nossas alegrias, nossa profissão, nossos amigos, nosso trabalho, nosso dinheiro, nossa família, nossa fé, nossos filhos. Assim achamos que o outro está sempre à nossa frente, em situação mais confortável e a inveja é nossa irmã e há sagacidade em nossos olhares. Muito triste!
Malditas versões de celulares! Malditas possibilidades supérfluas que não precisavam existir! Que sempre me deixam indeciso, com
medo do sentimento de não ter usufruído o prazer da escolha que não fiz.Assim ofuscando as que fiz.
Nós teríamos mais se tivéssemos menos, pois as muitas e múltiplas escolhas, me fazem delirar. E temos fome e sede daquilo que não é pão e nem água...
Você já escolheu um modelo? Ele tira foto? Meus pêsames... Você vai querer outro... Marcelo.

Comentários

Anônimo disse…
A isso é verdade...
Antigamente as pessoas trocavam o celular em 3 em 3 anos, porém hj em dia as pessoas trocam de celular como se trocasse de roupas.
Além do mais todos querem o aparelho telefonico dos outros, ninguem ta satisfeito com o seu!!
Unknown disse…
não troco o meu pq não quebra!
rsrsrs
Não tenho por hábito seguir modismos e odeio pessoas que se gabam por status econômico...
Hoje, todos tem aparelhos de celular no msm nível. Pessoas mais pobres os deixam evidentes para aumentar o seu status, pessoas mais ricas os escondem para não serem roubados...
Tratando sobre escolhas q acarretam sofrimento.... inevitável né...
Anônimo disse…
Pefeito a análise que vc fez da nossa vida com o simples ou o difícil e complicado fato de escolher algo!!

Acho que a gente se acostuma com o que é melhor e muitas das vezes o que é melhor não é o suficiente!!

beijoss

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